- Cuiabá
- SEGUNDA-FEIRA, 21 , ABRIL 2025
- (65) 99245-0868
O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiram nesta terça-feira unificar o discurso em defesa da manutenção do teto de gastos, no momento em que parlamentares e integrantes do próprio governo dão sinais de que pretendem aumentar gastos públicos após a pandemia do novo coronavírus.
“Não haverá nenhum apoio do Ministério da Economia a fura-tetos. Se tiver ministro fura-teto, eu vou brigar com o ministro fura-teto”, disse Guedes, em entrevista coletiva após se reunir com Maia e o líder do centrão, Arthur Lira (PP-AL), chegando a citar as pastas do Desenvolvimento Regional, comandada por Rogério Marinho, e da Infraestrutura, de Tarcísio Freitas.
“Se o presidente quiser se reeleito nós temos que nos comportar dentro do Orçamento, fazer a coisa certa, enfrentando os desafios de reforma. Essa é a forma pela qual um governo pode dar certo e merece ser reeleito”, acrescentou.
Ao traçar um paralelo com a situação que levou à queda da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Economia disse que não se pode esquecer que a insistência em manter despesas extraordinárias no passado levou a um buraco fiscal e a um impeachment por “irresponsabilidade fiscal”.
“Como é que vai dar certo agora fazendo a mesma coisa errada?”, questionou.
Na entrevista, Rodrigo Maia afirmou que não vai incluir na pauta de votação do plenário da Câmara qualquer proposta de aumento de gastos que permita a possibilidade de furar o teto de gastos públicos, e destacou que a chamada PEC da Guerra vai acabar no fim do ano.
Maia disse que não se pode prorrogar o estado de calamidade aprovado para dar conta dos gastos públicos extraordinários decorrentes da pandemia do novo coronavírus para se furar o teto de gastos.
“De forma nenhuma a Presidência da Câmara vai pautar —e espero que o governo nem encaminhe— nenhuma prorrogação do estado de calamidade”, afirmou.
Maia destacou que é preciso melhorar a qualidade do gasto público, indicando que o único caminho seria o corte de despesas do próprio Orçamento. “Não tem jeitinho, não tem esperteza”, ressaltou.
O presidente da Câmara disse ainda que, para abrir espaço para novas despesas públicas, é preciso primeiro cortar os gastos atuais, exemplificando como medidas a desindexação e o corte de subsídios. Ele admitiu que 2021 será uma herança da pandemia e que o desemprego e o endividamento altos ainda vão ficar.
O ministro da Economia fez questão de ressaltar na coletiva que tampouco partiu da equipe econômica qualquer discussão para se prorrogar o estado de calamidade. “Nem nós pedimos. Se a pandemia, todos nós esperamos, acaba este ano, por que queríamos uma prorrogação? Para criar uma farsa, hipotecar o nosso futuro?”, questionou.
O deputado Arthur Lira, líder do PP e pré-candidato do centrão à sucessão de Maia, disse que a posição dos partidos do bloco é de que, ao fim do prazo do estado de calamidade, o país deve voltar à responsabilidade do teto de gastos.
“Essas medidas que estão no Senado e na Câmara precisam andar, é compreensível este ano que abalaram o calendário das reformas”, disse ele, reconhecendo que a agenda reformista parou em razão da pandemia.
Fonte: Reuters