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O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Guilherme Maluf (PSDB), afirmou que há, nos bastidores, pessoas “trabalhando” para tentar criar um “mal-estar” entre o Legislativo e o Ministério Público Estadual (MPE).
O Legislativo deve instalar, na próxima semana, uma Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) para investigar o pagamento de crédito trabalhista para 47 membros do MPE, por meio de cartas de crédito, em 2009.
No entanto, o tucano disse que uma “guerra institucional” não irá ajudar na resolução dos problemas do Estado.
“Tem muita gente trabalhando para isso, criar mal-estar entre as instituições. Mas eu tenho trabalhado para manter a harmonia entre o Ministério Público e a Assembleia Legislativa. Não é com uma guerra institucional que vamos resolver os problemas do Estado”, disse ao MidiaNews.
“Vamos ter algumas dificuldades, sim, mas acredito que o bom senso tem que prosperar. O entendimento de que o respeito entre instituições tem que preservar. Sou um defensor disso e vou continuar lutando para isso”, afirmou.
Maluf negou que tenha recebido emissários do Ministério Público com pedidos para não se instalar a CPI.
“Estamos, primeiro, fazendo esse entendimento interno com a Casa. Estamos em uma fase de discutir os membros da CPI, a forma como vão atuar, o tempo. Então, não há nenhum tipo de pressão”, disse.
“Tenho um bom relacionamento com o Paulo Prado. Sempre estou conversando com ele, porque ele é o procurador-geral de Justiça e tenho que estar sempre em contato. Mas sobre essa questão não conversamos”, afirmou.
Sem retaliação
Já o deputado Emanuel Pinheiro (PR) disse que os parlamentares não vão aceitar nenhum tipo de retaliação do Ministério Público.
“Não vamos atacar a instituição. Instituição é inatacável. O que está em jogo é a apuração de supostos desvios de conduta e irregularidades de membros do Ministério Público. Mas, em hipótese alguma, vamos aceitar qualquer tipo de retaliação, ou de ameaça ou de parcialidade nesse processo”, disse.
Segundo Emanuel, o foco da CPI será a apuração da denúncia, o que não deve atrapalhar a missão institucional do MPE.
“A denúncia e a possível CPI não é contra o Ministério Público, que é uma instituição importantíssima para a sociedade e para a democracia. A CPI virá para investigar denúncias de supostos desvios de conduta de membros do órgão”, afirmou.
“E isso também não atrapalharia em nada a missão institucional do MPE, de continuar investigando. Mas, claro, que ninguém está acima da lei, nem o MPE”, disse.
Afogadilho
Por fim, o deputado Gilmar Fabris (PSD) disse não acreditar em revanchismo por ambas as partes.
Ele, no entanto, defendeu que o órgão responda com “humildade” as acusações, assim como, segundo ele, parlamentares o fazem quando denunciados.
“Não tem que ter revanchismo. O tanto que somos investigados, se fôssemos criar revanchismo por tudo, nós éramos inimigos de todo mundo. Acontece que foi feito uma denúncia dentro da Assembleia e não poderia ter passado em branco. Tanto é que pela primeira vez um requerimento foi assinado por todos os deputados”, afirmou.
“Espero que não tenha pressão, porque não há necessidade em ter. E se tiver, espero que não seja motivo para parar a CPI.A gente quando é denunciado lá, vai com humildade e responde. Espero o mesmo. Até porque não será nada feito de afogadilho, nada às pressas”, completou.
Cartas de crédito
A emissão das cartas de crédito foi feita a 47 membros do Ministério Público Estadual (promotores e procuradores de Justiça).
Os créditos foram pagos pela Rede Cemat que, em seguida, os utilizaram para pagamento de tributos devidos à Fazenda Pública Estadual.
No contrato, os membros do MPE são representados pela empresa JBF Consultoria Tributária Ltda. Eles autorizam a cessão e transferência das certidões, concedidas pelo Governo do Estado, para a Rede Cemat. A empresa de energia pagou 75% do valor real das cartas. Pelo serviço, a JBF Consultoria recebeu R$ 250 mil.
O contrato de cessão de créditos tributários oriundos de certidões de créditos salariais de para Rede Cemat totaliza mais de R$ 10 milhões.