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A produção de milho em Mato Grosso vive dilema nesta safra com preços baixos e problemas para armazenagem. Em uma semana, o preço da saca caiu 1,08% e está cotada a R$ 35,02. A colheita do milho segunda safra chegou a 19,24% da área total até o dia 23 de junho. Isso significa que a colheita está atrasada em 16,4% se comparado ao ano passado.
Mas além dos preços, um dos maiores desafios dos produtores é a armazenagem. O diretor da Abramilho, Paulo Bertolini, explica que houve um crescimento de 1.000% na produção brasileira de grãos entre 1990 e 2023, mas isso não se estendeu aos armazéns.
“Se nós observarmos a capacidade estática da armazenagem do país, veremos que ela não acompanhou o ritmo da nossa agricultura. Enquanto a nossa produção aumenta em cerca de 10 milhões de toneladas ao ano, a armazenagem tem crescido em torno de 5 milhões de toneladas”.
Ele aponta ainda que isso resulta em um alto desperdício de grãos. Os dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) mostram uma capacidade estática de armazenamento de 194 mi/ton no Brasil, enquanto a produção prevista pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para 2023 é de 312,5 mi/ton. Dessa forma, este ano deve registrar o maior déficit de armazenagem dos últimos tempos — 118,5 milhões de toneladas
Outro problema é a má distribuição dos armazéns de grãos no Brasil, tanto por região quanto pelo fato de que os silos se encontram quase na totalidade nas áreas urbanas e industriais. “Apenas 15% dos silos estão nos locais de produção. E, de 2010 até o ano passado, este número ficou praticamente estático, tendo crescido pouco mais de 1%”, explicou Bertolini.
Atualmente, os Estados Unidos é o principal competidor do Brasil na produção mundial de grãos e tem capacidade para armazenar mais de uma safra inteira — e 66% dessa capacidade está dentro das fazendas. Além disso, o país oferece um programa de financiamento para armazenagem a juros de apenas 3,75% ao ano, enquanto no Brasil este número alcança até 8,5%.
Bertolini explicou que é necessário um investimento anual de pelo menos R$ 15 bilhões apenas para impedir o aumento do déficit de armazenagem.
Rendimento da lavoura
Em contrapartida ao cenário negativo, as perspectivas das lavouras, na maior parte do estado estão boas, conforme os dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). O rendimento das áreas colhidas na semana de 17 a 23 de junho ficou na média de 126,22 sacas por hectare.
Contudo, o Imea informa que nos primeiros talhões as produtividades apresentem níveis superiores que os demais. Além disso, os produtores devem se atentar aos riscos de incêndios acidentais devido às altas temperaturas e a intensificação da colheita no estado nas próximas semanas.
Fonte: ODOC